*

(by me)

às vezes, esqueço-me de como gosto de conduzir.
ou melhor, às vezes fico muito tempo sem me lembrar de como adoro conduzir...eu, o carro e o rádio. percorro a estrada e vou do rio até ao mar, com o rádio que solta músicas dispersas por momentos.

às vezes, esqueço-me de como gosto do mar.
ou melhor, fico demasiado tempo junto ao rio e ignoro a prescrição que o médico me deu quando eu tinha apenas cinco anos "precisa de mar várias vezes por ano, especialmente no Inverno, e, se possível, tenha sempre uma janela aberta virada para o mar".

mas como quase sempre tudo...é só às vezes que me esqueço das coisas simples que gosto.

há olhares

há olhares que matam
há olhares que beijam
há olhares que tocam
há olhares que despem
há olhares que aquecem
há olhares que dizem tudo

mata-me mais uma vez
beija-me pela primeira vez
toca-me sem receio
despe-me de razão
aquece-me os dedos dos pés
tudo pode ser nada e nada o meu mundo

enquanto me olhas uma vez mais
dá-me um pouco mais
dá-me um pouco mais de ti

...

companheiro tomás, esta é para ti!

(by me)
...

...meio cheio ou meio vazio?

(by me)

Frida Kahlo - vida e obra
Centro Cultural de Belém
(24 de Fevereiro a 21 de Maio 2006)

...

...

*

hoje visitaram-me dois pombos.
numa agitada rua de lisboa, dois pombos treparam até ao 5º andar e sorriram. espreitaram pela janela durante alguns instantes e partiram - deixaram uma mensagem suspensa no ar...eu estou ainda a decifrá-la.

#

onde os outros compram livros
eu compro postais
onde os outros vão sozinhos
eu vou comigo

de manhã

(by me)

..."flutuo,
consigo deslindar o meu gosto sem esforço
balança é o que a maré me dá e eu não contesto
o meu destino está fora de mim e eu aceito
sou eu despida de medos e culpas, confesso

hoje eu vou fingir que não voltar
despeço-me do que mais quero
só para não te ouvir dizer
que as coisas vão mudar amanhã

flutuo,
consigo deslindar o meu gosto sem esforço
balança é o que a maré me dá e eu não contesto
amanhã, pensar nisso sempre me dá mais jeito
fazer de mim pretérito-mais-que-perfeito

hoje eu vou fugir
para não me dar a vontade de ser tua..."

in Índigo, Susana Félix

...

não sou supersticiosa...

"...Monday,
I could wait till tuesday
If I make up my mind
Wednesday would be fine,
thursday’s on my mind
Friday’d give me time,
saturday could wait
But sunday’d be too late..."



Sobreviver
Teatro Municipal São Luiz
Sensurround - Companhia de Teatro
(domingo, 17.30h)

encenação: Lúcia Sigalho
textos: Gonçalo M. Tavares
com: Adelaide João, António Rama, Diogo Dória, Luz da Câmara, Marta Furtado, Miguel Borges, Tiago Barbosa, Tiago Porteiro, Vera Paz e Victor Gonçalves

"Se queres sobreviver, colocas a tua coragem num saco de plástico e aguardas" (Lúcia Sigalho)

"Isto era tão óbvio que formulá-lo parecia estupidez" (Gonçalo M. Tavares)

*

"...ainda dás cabo de ti sem perceberes..."

(by my mother)

...

(by me)

Mar, metade da minha alma é feita de maresia
Pois é pela mesma inquietação e nostalgia,
Que há no vasto clamor da maré cheia,
Que nunca nenhum bem me satisfez.
E é porque as tuas ondas desfeitas pela areia
Mais fortes se levantam outra vez,
Que após cada queda caminho para a vida,
Por uma nova ilusão entontecida.

E se vou dizendo aos astros o meu mal
É porque também tu revoltado e teatral
Fazes soar a tua dor pelas alturas.
E se antes de tudo odeio e fujo
O que é impuro, profano e sujo,
É só porque as tuas ondas são puras.


Sophia de Mello Breyner Andresen

...And I should have known better...


(by me)

tonight

...

estou aqui

"estou aqui"...sussurrei-te ao ouvido enquanto adormecias nos meus braços.

estás perdido, desorientado pelas indicações de estranhos tão perdidos quanto tu, assustado pelo rumo das coisas e desgastado com o calor de peles estranhas que desejas por um luar apenas.

vagueias pelas ruas com os bolsos vazios e as mãos cheias de nada. nos olhos, um vazio profundo de quem deseja um pouco mais de silêncio e um brilho desperto de quem quer um pouco mais de cor; no peito, um receptáculo de feridas cicatrizadas pelo tempo e um pedaço de risco que estás disposto a correr por uma bola-de-sabão.

e o tempo que nos consome noite após noite e o tempo que nos desperta dia após dia.

o pó das cinzas que lançaste ao mar regressam como as cartas de amor que queimaste num momento de raiva - no instante em que o teu mundo de sonho ruiu e as trevas se instalaram no cenário perfeito. receias essas cinzas como odiaste aquelas palavras por um instante que durou tempo demais.

temes agora a repetição do impossível com a mesma intensidade que a desejas...receias o risco ao mesmo tempo que o procuras...fazes despertar o medo enquanto o voltas a esconder debaixo da almofada - onde pousas a face todas as noites que regressas para mim.

"estou aqui"...repeti, enquanto soprava as cinzas de novo para o mar.

(by me)

(by me)

best of...the moment

"Se é o amor, encontre-me de vez."

(by Josefina)