Messages in a Bottle

"... send something to the world..."

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segunda-feira, janeiro 31, 2005

imagens na tela



UN LONG DIMANCHE DE FIANÇAILLES, Jean-Pierre Jeunet



CLOSER, Mike Nichols



SARABAND, Ingmar Bergman

domingo, janeiro 30, 2005

doces sorrisos cegos

*
Passamos pelas coisas sem as ver,
gastos, como animais envelhecidos:
se alguém chama por nós não respondemos,
se alguém nos pede amor não estremecemos,
como frutos de sombra sem sabor,
vamos caindo ao chão, apodrecidos.


Franz Marc, "The fate of the animals"

*
Creio que foi o sorriso,
o sorriso foi quem abriu a porta.
Era um sorriso com muita luz
lá dentro, apetecia
entrar nele, tirar a roupa, ficar
nu dentro daquele sorriso.
Correr, navegar, morrer naquele sorriso.

* Eugénio de Andrade

sábado, janeiro 29, 2005

sonha comigo



Franz Marc, "Fighting forms"

ainda sonho contigo
debaixo do cobertor
a vida não é um fio
e tudo não existe
e sonho contigo
debaixo da chuva
a lua esconde o tempo
e tudo acontece
e sonho contigo

e tudo é apenas um sonho
um fragmento do que somos
quando ninguém está perto
quando a cidade treme de novo
os restos respiram o frio
e tudo é apenas um sonho

quinta-feira, janeiro 27, 2005

acordar tarde



Franz Marc, "Foxes"

tocas as flores murchas que alguém te ofereceu
quando o rio parou de correr e a noite
foi tão luminosa quanto a mota que falhou
a curva - e o serviço postal não funcionou
no dia seguinte

procuras ávido aquilo que o mar não devorou
e passas a língua na cola dos selos lambidos
por assassinos - e a tua mão segurando a faca
cujo gume possui a fatalidade do sangue contaminado
dos amantes ocasionais - nada a fazer
(...)

Al Berto

quarta-feira, janeiro 26, 2005

as pessoas



Wassily Kandinsky, "Improvisation 7"

As pessoas não nascem quando as conhecemos.
Como é fácil esquecer o que sabemos, fazer de conta que não importa, minimizar um detalhe incómodo. Acreditar que tudo é simples. Que apenas os medos tornam tudo mais confuso. Que basta acreditar para que as dúvidas desapareçam. Que as incertezas tornam complicado o que é simples por natureza.

As pessoas não nascem quando as conhecemos.
Pequenas sombras, grutas secretas, buracos impenetráveis. Todos os temos. Todos negamos a sua existência quando queremos começar de novo. Basta fingir que já passou e tudo se torna mais fácil. Arrumar o que está pendente com um sopro de coragem, com um passo em frente e tudo virá a seguir. Tudo virá de novo e tudo será apenas mais simples.

As pessoas não nascem quando as conhecemos.
Basta querer quando queremos nascer de novo. Basta desejar quando queremos respirar de novo. Basta olhar quando queremos ver alguém. Basta um acaso do tempo. Basta um acaso do espaço. Basta um acaso da vida. Basta estar lá alguém à espera de alguém por acaso. Basta ser por acaso e tudo se torna mágico.

As pessoas não nascem quando as conhecemos.
Estamos sempre a esquecer o que sabemos. Estamos sempre a fingir esquecer o que pensamos saber. Será que é de propósito?

As pessoas não nascem quando as conhecemos.
Nós é que queremos nascer outra vez quando conhecemos alguém.

As pessoas não nascem quando as conhecemos.

sábado, janeiro 22, 2005

All Night Long...



Jackson Pollock, "The Moon Women"

sexta-feira, janeiro 21, 2005

Tomorrow...




"Apenas nos iludimos, pensando ser donos das coisas, dos instantes e dos outros. Comigo caminham todos os mortos que amei, todos os amigos que se afastaram, todos os dias felizes que se apagaram. Não perdi nada, apenas a ilusão de que tudo podia ser meu para sempre" (Desconhecido)

terça-feira, janeiro 18, 2005

Finding Neverland...



Vincent van Gogh, "Plaster Statuette of a Horse"


Não posso adiar o amor para outro século
não posso
ainda que o grito sufoque na garganta
ainda que o ódio estale e crepite e arda
sob as montanhas cinzentas
e montanhas cinzentas

Não posso adiar este braço
que é uma arma de dois gumes amor e ódio

Não posso adiar
ainda que a noite pese séculos sobre as costas
e a aurora indecisa demore
não posso adiar para outro século a minha vida
nem o meu amor
nem o meu grito de libertação

Não posso adiar o coração.

António Ramos Rosa

sexta-feira, janeiro 14, 2005

Ciclos...




*** Ciclo Emir Kusturica ***
Cinema Ávila (13 a 27 de Janeiro)

Dias 14, 15, 21, 22
"A Vida É Um Milagre"
Dias 16, 17, 23, 24
"Gato Preto, Gato Branco"
Dias 18, 19, 25, 26
"Underground - Era Uma Vez Um País"
Dias 13, 20
"Tempo dos Ciganos"

*** Ciclo Audrey Tautou ***
Cinema Nimas (13 a 19 de Janeiro)

Dia 13
"Bem Me Quer... Mal Me Quer", de Laetitia Colombani
Dias 14 e 15
"O Fabuloso Destino de Amélie", de Jean-Pierre Jeunet
Dias 16 e 17
"A Residência Espanhola", de Cédric Klapisch
Dias 18 e 19
"Estranhos de Passagem", de Stephen Frears

quarta-feira, janeiro 12, 2005

sentir agora, pensar depois

"When I am in my painting, I'm not aware of what I'm doing. It is only after a sort of "get acquainted" period that I see what I have been about. I have no fears about making changes, destroying the image, etc., because the painting has a life of its own. I try to let it come through. It is only when I lose contact with the painting that the result is a mess. Otherwise there is pure harmony, an easy give and take, and the painting comes out well."


Jackson Pollock, "The She-Wolf"

terça-feira, janeiro 11, 2005

Chegadas e Partidas

You can't lose something that you never had...

segunda-feira, janeiro 10, 2005

sons da noite



James Coleman, "Moonlight Canal"


demasiado intenso
o risco na dor
na forma das coisas
a sombra do medo
na força do outro

dias perdidos
vidas apagadas
sonhos desfeitos
a tela dos possíveis
corroída por vias emprestadas

bates à porta
mas entras sem aviso
invades, contaminas
cobres o chão de flores
lanças aromas exóticos
sinto-te perto

as vidas desfilam
nos sons da noite contróis
uma história doce
acordas ao sabor do vento
sussurras prazer em instantes
vives a sorte do acaso

não te ouvi chegar
mas estás aqui agora
fica um pouco mais
só um pouco mais

sábado, janeiro 08, 2005

James Coleman

Museu do Chiado
Museu Nacional de Arte Contemporânea
Até 20 de Fevereiro

"- horocospus"

Os afectos são um labirinto em abismo na peça que um dos mais imporantes artistas da actualidade fez para a sua mostra de Lisboa. Coleman centra-se nos afectos como condicionante à percepção.
O artista irlandês reduz ao mínimo as distracções que o nosso olhar possa encontrar nas imagens. Num espaço industrial quase esvaziado de referências, só os "graffiti" nos localizam numa vivência urbana actual, em que actores estão em exposição contínua.
Numa obra entrópica onde os pontos de vista se vão multiplicando em labirinto, o outro é sempre um abismo. (www.público.pt)




James Coleman, "Warmth of the Beckoning Light"

quinta-feira, janeiro 06, 2005

next stop!...



(www.urban75.org/photos/newyork/ny157.html)

terça-feira, janeiro 04, 2005

once and again...




Thanks for all. I loved to have you here. I miss your faces already.
See you somewhere, somehow...
One word: Asstraat!

segunda-feira, janeiro 03, 2005

Captain Kirk

Quando as palavras estão dispersas, as palavras de outros...

"Como uma droga boa, quero criar novos momentos como aqueles e, sem olhar a meios ou obstáculos, procuro de novo onde estão as novas “coisas” que me conseguirão arremessar pelo vortex actual da nossa vida, fujo do saudosismo para encontrar sabores e armadilhas recentes que marquem e dirijam a minha existência (...) para fora da estupidificação natural do mundo moderno. O que, fora do contexto juvenil mais simplista, é tarefa assustadoramente difícil.
Como já referi, não é fácil encontrar estas ferramentas de viagem, o tal “tele-transportador Captain Kirk”, mas a procura é parecida com a emoção da caça."

in www.davidfonseca.com