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quarta-feira, janeiro 26, 2005

as pessoas



Wassily Kandinsky, "Improvisation 7"

As pessoas não nascem quando as conhecemos.
Como é fácil esquecer o que sabemos, fazer de conta que não importa, minimizar um detalhe incómodo. Acreditar que tudo é simples. Que apenas os medos tornam tudo mais confuso. Que basta acreditar para que as dúvidas desapareçam. Que as incertezas tornam complicado o que é simples por natureza.

As pessoas não nascem quando as conhecemos.
Pequenas sombras, grutas secretas, buracos impenetráveis. Todos os temos. Todos negamos a sua existência quando queremos começar de novo. Basta fingir que já passou e tudo se torna mais fácil. Arrumar o que está pendente com um sopro de coragem, com um passo em frente e tudo virá a seguir. Tudo virá de novo e tudo será apenas mais simples.

As pessoas não nascem quando as conhecemos.
Basta querer quando queremos nascer de novo. Basta desejar quando queremos respirar de novo. Basta olhar quando queremos ver alguém. Basta um acaso do tempo. Basta um acaso do espaço. Basta um acaso da vida. Basta estar lá alguém à espera de alguém por acaso. Basta ser por acaso e tudo se torna mágico.

As pessoas não nascem quando as conhecemos.
Estamos sempre a esquecer o que sabemos. Estamos sempre a fingir esquecer o que pensamos saber. Será que é de propósito?

As pessoas não nascem quando as conhecemos.
Nós é que queremos nascer outra vez quando conhecemos alguém.

As pessoas não nascem quando as conhecemos.