By the River
(www.olisipo.no.sapo.pt)
Sempre acordei a olhar para o Tejo - onde as margens se afastam e pequenas ilhas desertas preenchem a água. Cresci com o rio em pano de fundo: aguarela de cores em dias de sol, mistura agreste quando o vento e a chuva se juntam, espelho da lua em noites claras - e até aquele cometa que me fez sonhar desenhou o seu rasto no rio, numa noite em que as estrelas cairam nas minhas mãos.
Sempre acordei a olhar para ti e muitas vezes esqueço-me de ver como mudaste e como permaneces o mesmo. Cenários de vidas dissolvidas nas águas, espelho de memórias e histórias guardadas nas margens do tempo. Sempre estiveste perto de mim - mesmo quando hesitei na tua verdade. Sempre te senti - até quando as margens aumentaram a distância.
Percorro agora as tuas margens na direcção do mar. Sigo o arco-íris em busca do horizonte disperso no céu. Encontro vestígios de histórias desenhadas na areia molhada. Tropeço em mensagens perdidas na corrida das ondas. Deixo a maresia baixar sobre mim. Fecho os olhos e sonho por breves instantes.
Amanhã quando acordar vais continuar aqui. Da janela do meu quarto as tuas águas vão mostrar-me as histórias perdidas no compasso das marés e as tuas margens estarão perto de mim como sempre.
E talvez o rio me devolva os sonhos que lancei ao mar.
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