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domingo, dezembro 19, 2004

Banco de Jardim

As últimas folhas saltam dos ramos para o lago como suaves flocos de neve. As ruas estão frias e a água parece gelada. Os patos deslizam no pequeno lago com a elegância de quem ignora o frio latente nas caras que passam - o Inverno está a chegar. Crianças, velhos, turistas, estátuas, presépios, poetas, cães, jogos, encontros e desencontros, sorrisos e lágrimas, pombos com mensagens perdidas e a calma de quem chega atrasado.

Esperei até o sol desaparecer e o frio chegar. Tu chegaste uma vez mais atrasado.
Esperei até os sinos tocarem o fim do dia. Tu chegaste quando a noite acendeu os candeeiros.
Esperei até o chá arrefecer e ficar mais frio que as estátuas lá fora. Tu chegaste quando já era noite e o frio era maior.
Esperei sem saber se virias e continuei à espera. Tu chegaste quando eu adormeci - porque é que não me acordaste?

O banco de jardim que se evaporou, vestígios de gestos construídos em sintonia, fragmentos de conversas entrelaçadas em risos, imagens de momentos dispersos no tempo, a simples magia da descoberta, o som do tempo que partiu sem aviso, os versos escritos na urgência de um beijo - o fascínio na repetição do impossível.

Esperei até os Beatles anunciarem o início da noite.
Esperei até as folhas caídas cobrirem os patos.
Esperei e tu chegaste mais tarde e eu esperei até ser noite no céu.