Messages in a Bottle

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sexta-feira, dezembro 31, 2004

*

...
um Ano de 2005 cheio de desejos!

quinta-feira, dezembro 30, 2004

By the Sea

Junto ao mar tudo fica mais fácil. Sinto-me pequena diante de ti e as dúvidas dissipam-se num instante. Deito-me na areia e os pequenos grãos gelados começam a invadir o meu corpo. Sou levada pelos acordes das ondas que rebentam. As estrelas da noite estão apagadas. Na imensidão do horizonte, lembro e esqueço, revelo e engano, finjo e rejeito, amo e parto - nego para não sentir. Haverá pouco para dizer agora, mas muito ficou esquecido e escondido. O medo não me deixa sentir mais. As redes dos pescadores ficaram retidas nas rochas. Ao longe, as velas de uma caravela pintam o céu de verde e branco. O sol está quente e o vento é fraco e a lua ameaça aparecer. Fecho os olhos, respiro o mar e lanço um último desejo às ondas.

quarta-feira, dezembro 29, 2004

By the River



(www.olisipo.no.sapo.pt)

Sempre acordei a olhar para o Tejo - onde as margens se afastam e pequenas ilhas desertas preenchem a água. Cresci com o rio em pano de fundo: aguarela de cores em dias de sol, mistura agreste quando o vento e a chuva se juntam, espelho da lua em noites claras - e até aquele cometa que me fez sonhar desenhou o seu rasto no rio, numa noite em que as estrelas cairam nas minhas mãos.

Sempre acordei a olhar para ti e muitas vezes esqueço-me de ver como mudaste e como permaneces o mesmo. Cenários de vidas dissolvidas nas águas, espelho de memórias e histórias guardadas nas margens do tempo. Sempre estiveste perto de mim - mesmo quando hesitei na tua verdade. Sempre te senti - até quando as margens aumentaram a distância.

Percorro agora as tuas margens na direcção do mar. Sigo o arco-íris em busca do horizonte disperso no céu. Encontro vestígios de histórias desenhadas na areia molhada. Tropeço em mensagens perdidas na corrida das ondas. Deixo a maresia baixar sobre mim. Fecho os olhos e sonho por breves instantes.

Amanhã quando acordar vais continuar aqui. Da janela do meu quarto as tuas águas vão mostrar-me as histórias perdidas no compasso das marés e as tuas margens estarão perto de mim como sempre.

E talvez o rio me devolva os sonhos que lancei ao mar.

sexta-feira, dezembro 24, 2004

*

Feliz Natal...

terça-feira, dezembro 21, 2004

...

cobertor de estrelas que se rompeu
palavras que o vento levou
escudo de palha que se queimou
palavras que a brisa voltou a escrever
- devolve-me o céu!
é mais um mistério do acaso
feliz, incómodo, triste, fascinante
e só faltava um beijo
não tentes compreender porquê
ofegante calma de prazer
não será decifrável aos mortais
garrafas perdidas na margem do rio
- devolve-me as estrelas!
mensagens encontradas à beira mar
horas depois e o eterno se...
se o nevoeiro regressar
as pegadas estarão na areia
e as ondas vão insistir
na maresia da noite
- devolve-me o pó das estrelas!
vem comigo de comboio
sem planos, sem bússola
podemos conquistar o tempo
com um sopro de desejo
e desafiar o destino
respirar carícias em segundos
eternos momentos
e depois não interessa
tudo a um desejo de distância
nada longe de sentir perto

Living is easy with your eyes closed*

Ver é difícil
Olhar é pior
Aceitar corrói
Absorver desintegra

Nem imaginas como é
Não podes sequer imaginar
A ficção não alcança
e a fábula não abraça a sombra

Finge e engana
Faz de conta
Consome a mentira
Logra o beijo

Simula o que está perto
Inventa o que é fácil
Dissimula o que não existe
Imagina que é diferente

Falso embuste
Não sentir
Como seria bom
Agora

É assim o amor?
Será apenas assim?


* Strawberry Fields Forever, Beatles

domingo, dezembro 19, 2004

Banco de Jardim

As últimas folhas saltam dos ramos para o lago como suaves flocos de neve. As ruas estão frias e a água parece gelada. Os patos deslizam no pequeno lago com a elegância de quem ignora o frio latente nas caras que passam - o Inverno está a chegar. Crianças, velhos, turistas, estátuas, presépios, poetas, cães, jogos, encontros e desencontros, sorrisos e lágrimas, pombos com mensagens perdidas e a calma de quem chega atrasado.

Esperei até o sol desaparecer e o frio chegar. Tu chegaste uma vez mais atrasado.
Esperei até os sinos tocarem o fim do dia. Tu chegaste quando a noite acendeu os candeeiros.
Esperei até o chá arrefecer e ficar mais frio que as estátuas lá fora. Tu chegaste quando já era noite e o frio era maior.
Esperei sem saber se virias e continuei à espera. Tu chegaste quando eu adormeci - porque é que não me acordaste?

O banco de jardim que se evaporou, vestígios de gestos construídos em sintonia, fragmentos de conversas entrelaçadas em risos, imagens de momentos dispersos no tempo, a simples magia da descoberta, o som do tempo que partiu sem aviso, os versos escritos na urgência de um beijo - o fascínio na repetição do impossível.

Esperei até os Beatles anunciarem o início da noite.
Esperei até as folhas caídas cobrirem os patos.
Esperei e tu chegaste mais tarde e eu esperei até ser noite no céu.


quinta-feira, dezembro 16, 2004

Dezembro

E o que interessa o que eu sinto?
Nada. O que eu sinto agora não interessa nada.

Ainda procuro aquele postal. Ainda não o encontrei. Dei-te o único postal que me fez acreditar. Nunca o tinha feito antes - guardo sempre um para o meu baú. E naquele instante dei-te o único postal que tinha ... simplesmente porque acreditei. Ainda procuro aquele postal sempre que passo por um quiosque de Lx. Ainda o tento encontrar apesar de ser quase Inverno e da cidade estar polvilhada por um gélido tremor aquecido apenas pelas luzes de Natal. Ainda o procuro. Talvez porque quero reaver aquela magia simples que me faz acreditar. Talvez por temer nunca mais olhar para o Tejo com o mesmo sorriso. Talvez por as folhas do Outono já terem caído. Talvez porque insisto em acreditar nas palavras gravadas na minha pele. Talvez por o Castelo estar já despido de sonhos. Talvez por Lx ter tremido e eu não ter sentido. Talvez.

Basta um suspiro, basta um olhar, basta uma letra, basta um som, basta um sorriso, basta uma pétala, basta um banco de jardim, basta uma luz, basta um sinal, basta um chá, basta um aroma, basta um toque, basta um filme, basta Lx, basta uma fotografia do céu, basta um teatro, basta um pedaço de chocolate, basta uma castanha quente, basta um cheiro, basta uma guitarra, basta uma janela, basta uma gruta, basta um verso, basta uma lágrima, basta um duende, basta um segundo, basta uma vela por acender, basta um postal, basta querer, basta um beijo, basta tentar, basta acreditar.

Amanhã à tarde no teu jardim.