E o que interessa o que eu sinto?
Nada. O que eu sinto agora não interessa nada.
Ainda procuro aquele postal. Ainda não o encontrei. Dei-te o único postal que me fez acreditar. Nunca o tinha feito antes - guardo sempre um para o meu baú. E naquele instante dei-te o único postal que tinha ... simplesmente porque acreditei. Ainda procuro aquele postal sempre que passo por um quiosque de Lx. Ainda o tento encontrar apesar de ser quase Inverno e da cidade estar polvilhada por um gélido tremor aquecido apenas pelas luzes de Natal. Ainda o procuro. Talvez porque quero reaver aquela magia simples que me faz acreditar. Talvez por temer nunca mais olhar para o Tejo com o mesmo sorriso. Talvez por as folhas do Outono já terem caído. Talvez porque insisto em acreditar nas palavras gravadas na minha pele. Talvez por o Castelo estar já despido de sonhos. Talvez por Lx ter tremido e eu não ter sentido. Talvez.
Basta um suspiro, basta um olhar, basta uma letra, basta um som, basta um sorriso, basta uma pétala, basta um banco de jardim, basta uma luz, basta um sinal, basta um chá, basta um aroma, basta um toque, basta um filme, basta Lx, basta uma fotografia do céu, basta um teatro, basta um pedaço de chocolate, basta uma castanha quente, basta um cheiro, basta uma guitarra, basta uma janela, basta uma gruta, basta um verso, basta uma lágrima, basta um duende, basta um segundo, basta uma vela por acender, basta um postal, basta querer, basta um beijo, basta tentar, basta acreditar.
Amanhã à tarde no teu jardim.