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terça-feira, janeiro 17, 2006

"ao menos não tem erros!"

Tudo não é mais que uma corrida.
É assim que eu vejo a vida. A minha, a dos outros...e mesmo a vida das coisas que correm à nossa volta sem darmos conta. E como tudo na vida, quase tudo é uma questão de ritmo, de intensidade, de vontades, de acidentes felizes e de pequenos percalços.
Quem sou eu no meio d’ isto tudo?
Acho que ainda estou a descobrir – e desconfio que a passo lento! E se por vezes, na corrida dos dias, tenho alguma pressa nessa descoberta, noutros momentos prefiro mesmo a ausência de definição e de rótulos predefinidos por quem não interessa. Não tenho pressa – mesmo que a vida não seja longa.
Gosto de andar pelas ruas, pelas esquinas, pelas estreitas ruelas em direcção a lado nenhum. Gosto das cores do céu quando o Tejo se despede de Lisboa por mais umas horas e de como os barcos insistem em atravessar o rio sem planos futuros. Gosto de olhar a vida da cidade na mesa do costume e de sentir as caras da minha vida enquanto as gargalhadas se soltam por mais um dia passado. Gosto do cheiro a castanhas assadas disperso pelas ruas e de ouvir a música da cidade nas mãos de um mendigo.
Há dias em que apresso o passo e chego mesmo a correr para chegar a um lugar, para encontrar uma pessoa, para desafiar o que não conheço, para me perder no meio das coisas. E há dias em que os minutos escorrem pelas horas e os segundos insistem em chegar atrasados a lado nenhum. E há dias em que chego ao final da história, mesmo antes de perceber o que se passou na corrida dos dias que passam.
E quem sou eu no meio d’ isto tudo?
Não sei...mas sei que gosto de Lisboa.

3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

... os erros são aquilo que nos definem enquanto indivíduos únicos e particulares. A cidade, os lugares que nos circundam, as suas características, são também assim... desiguais, iguais, de certo modo, a nós mesmos. E a vida é algo mais que uma corrida, talvez a possas considerar um suspiro: é fugaz, efémera, intensa e cheia de particularidades que nos fazem apegar a esta «coisa» que ninguém entende mas se perde... Há dias, há pessoas, que nos fazem questionar tudo... de certo modo até é bom, mas a que te disse "... ao menos não tem erros!" ignora! continua na tua corrida, no teu passo desacelerado, na tua conquista do mundo - o teu - com o sorriso e as lágrimas que são necessárias... Lisboa espera por nós, na mesa do costume, preenchida por rostos desconhecidos, maltratados, que a vida é madrasta, mas repleta de uma beleza sublime. Os rostos conhecidos esperam por ti, na mesa do costume, com sorrisos, com lágrimas, de braços abertos, e uma sagres num lado e o «teu» moscatel no outro, com vista para o Tejo, para a cidade adormecida que nos acolhe em todos os seus recantos, e em todos os seus silêncios. E depois, quando estivermos bens instalados na nossa mesa, naquela, brindamos a mais um dia na tua corrida, no meu suspiro, e dizemos "que venham a puta dos erros. eu sou errante!!! mas sou «ninguém» perdido na mais bonita das cidades! Lisboa".

19/1/06 12:28  
Anonymous Anónimo said...

...mais palavras para quê?!

19/1/06 13:46  
Anonymous Anónimo said...

... mais que não seja para te roubar um sorriso ou para te relembrar das partes boas da corrida!

19/1/06 19:50  

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