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terça-feira, maio 03, 2005

chá verde

uma gota de chá verde ainda quente cai sobre o pé descalço. não estremeço, como se a pele absorvesse, em instantes, todo o calor de uma vida, toda a cumplicidade de alguém que conheces, todas as histórias que escreveste e queimaste. em segundos apenas e apenas com uma gota de chá verde, sentes a presença de alguém que partiu numa caravela.

passaram anos e ainda não sei porquê.

quando regressei a lisboa, ao fim de meses no oriente, uma velhota com quem ía no eléctrico disse-me, num tom sereno e misterioso de quem sabe mais, com a expressividade de quem tem um baú de histórias para soltar, "um dia vais perceber. quando menos esperares, tudo será simples e fácil e tudo te será revelado, como um tesouro escondido guardado a sete-chaves que de repente encontra uma bússola de vento...e tudo vai ter ao seu lugar". encontar o tempo certo para saber e o tempo certo acontece quando a vontade grita lá longe. mas não há leis agora, nunca houve; só talvez a norma de quem diz, faz, sente sem amarras e sem vertigens, mais cedo ou mais tarde.

disseste que voltarias a lisboa. por acaso e sempre por acaso, encontro cartas perdidas dentro de livros que não cheguei a ler, cartas que não cheguei a enviar, coisas que não chegaste a ler, coisas como "tenho medo, mas quero. dá-me um beijo".

disseste que voltarias a lisboa e eu acreditei. enquanto espero pela lua e pelo sol, termino o chá verde e vou dormir. e quando não souberes mais, conta uma história, escreve um poema e oferece um beijo.